quinta-feira, setembro 05, 2019

HISTÓRIA DE ARARIPINA: A História da Igreja Matriz de Araripina, inaugurada no dia 31 de maio de 1942


Voluntários na construção da nova Igreja Matriz de Araripina. Um marco na história do município. Foto: Acervo Histórico

A IGREJA NOVADois anos após sua chegada a São Gonçalo, Pe. Luiz lançou a pedra fundamental de uma nova matriz. Infelizmente, seus planos não puderam ser concretizados de logo, em virtude das dificuldades financeiras do povo, que se viu obrigado a gastar muito dinheiro, com o pagamento das despesas de custas da demarcação da antiga Fazenda São Gonçalo, levada a efeito pelas autoridades de Ouricuri, no ano de 1926. Pe. Luiz manteve o propósito e a determinação de uma igreja grande. Amealhou os tostões que pode, na paróquia e até no exterior, na Alemanha, e começou os trabalhos de construção da nova matriz.




A obra estava em fase de conclusão, quando, no início do ano de 1937, ocorre o desabamento da torre. O mestre da obra encarregado da construção, anoiteceu e não amanheceu na Cidade. O revés não desestimulou Pe. Luiz, nem o povo.

 

Os serviços foram entregues a João Teles, que deu a igreja pronta para ser inaugurada no dia 31 de maio de 1942. 

É uma importante e majestosa igreja. Arquitetura sóbria de linhas basicamente góticas, sem quebra da harmonia, ornamentada com vitrais de rara beleza, doação de ilustres personalidades de todo o Brasil, cujos nomes neles estão gravados: Cel. J. Pereira Queiroz, Dr. Hermiliano e Maria da Glória Assis, Joaquim Bandeira, Dr. Novais Filho, Casa Bernardino dos Santos, Major Gonzaga – Matriz da Glória (Rio de Janeiro), Dr. Manoel Novaes, Dr. Gastão Lobão, Dr. Eurico de Souza Leão, Dr. Mário, Dr. João Cleofas de Oliveira, Dr. Barbosa Lima Sobrinho, Dr. Oscar Barreto e Dr. Assis Chateaubriand.


No ano de 1947, a 17 de outubro, por ocasião da primeira visita pastoral de D. Avelar Brandão Vilela, bispo de Petrolina, procedeu-se a benção solene dos novos sinos da igreja, em número de quatro. De toda a Cidade, agora, podia-se ouvir a badalada de sino, marcando as horas do relógio da torre da igreja. Zé Cordeiro ficava com um encargo a menos, o de ir bater nove horas da noite, no sino da igrejinha.

De certo tempo para cá, os padres não têm cuidado de fazer a conservação da Igreja. Há pouco tempo houve um desabamento do forro, causando vítima.
  


OS PADRES. Pe. Luiz dirigiu a de 1923 a 1951, mês de abril. Durante esse tempo, foi auxiliado pelos sacristãos Décio Rodrigues, até 1944 e José Cordeiro da Rocha, a partir de 24 de novembro de 1944. Zé Cordeiro aposentou-se em 1.º de março de 1984, mas continua ajudando na Paróquia, “sem compromisso”, como ele afirma.


Foto da nossa oponente Igreja Matriz, contrastando com rua de barro e com a pomposa Balautsrada na atual Rua José Barreto Souza Sombra



Fotos de vista parcial da cidade aparecendo a majestosa Igreja Matriz.



Ordenação de Padre Francisco José - filho de Araripina (1982) na Igreja Matriz
Fotos: Arquivo Pessoal


Agora você pode visualizar a Igreja Matriz vendo da atual Rua Vereador José Santiago Bringel, antiga Rua Frei Vital


Umas das fotos mais deslubrantes que mostra uma visão privilegiada da nossa majestosa Igreja Matriz - sendo contornada pela Balautrada que ficava na Rua José Barreto de Souza Sombra

Pe. Gonçalo Pereira Lima substituiu o Pe. Luiz. Araripinense desde tenra idade, Pe. Gonçalo conhecia a Paróquia e os seus paroquianos. Viveu os seus problemas e conhecia de perto, também, o trabalho de Pe. Luiz. Deu continuação à obra pastoral e apostólica do seu antecessor. De 1963 a 1971, Pe. Gonçalo teve como vigário cooperador o Pe. Salvador Dimech, natural da Ilha de Malta e, hoje, laicizado. Foi também, durante certo tempo, coadjuvado por Frei Apolônio Matias, filho da Barra de São Pedro, de onde Pe. Gonçalo foi vigário por alguns anos. Distinguindo com o título de Monsenhor, foi deslocado para a sede da Diocese, em Petrolina, em fins de 1978.

O Pe. Tarcísio Palene assumiu a Paróquia de 15 de janeiro de 1979 a 29 de outubro de 1981, quando foi substituído pelo Pe. Adriano de Vasino Ciocea, com a cooperação de Pe. Pedro Paulo Tormena.

As reformas operadas na Igreja Católica, a partir do Concílio Vaticano II, imprimiram uma nova filosofia ao seu trabalho de evangelização, que, a princípio, chocou a comunidade católica, principalmente a do interior, sobretudo a modificação no comportamento do clero. Há muita reserva ao padre moderno, sem batina, de bigode, frequentando clubes e boates, etc.

Isso arrefeceu o fervor religioso do povo, estruturado secularmente em parâmetros místicos. Araripina não ficou imune a esses modernismos.

OUTRAS IGREJAS. Até o ano de 1950, não se conhecia outra religião em Araripina, senão a Católica Apostólica Romana. Não havia espaço para os protestantes, crentes ou “bodes”, como se chamavam pejorativamente os adeptos de outros segmentos evangélicos. A primeira família de crentes que chegou à Araripina fixou-se na Rua do Soco, arruado nas proximidades da Casa de Louzinho, distante um quilômetro do centro da Cidade. Foi um verdadeiro escândalo, causando revolta á população. Pe. Luiz reuniu um grupo de fiéis e tentou expulsar os “bodes” a pedradas.

O povo em geral não aceitava os protestantes. As professoras faziam um bicho do protestantismo, nas aulas de religião das escolas. Muniz de Seu Né (Francisco Muniz Neto) escrevendo no jornalzinho do Grupo Escolar Pe. Luiz Gonzaga, sob o título “Uma Aula de Religião”, concluía o seu artigo da seguinte maneira: “E nós ararpinenses levantamos os olhos aos céus agradecendo a Deus sua excelsa bondade, não deixando haver aqui nenhuma igreja protestante” (1).

Hoje, Araripina aceita pacificamente os diversos credos religiosos: a Assembleia de Deus, a Igreja Batista, a Congregação Cristã do Brasil (fundada por Dr. Josias Horácio, Juiz de Direito) e as Testemunhas de Jeová. Todos esses segmentos religiosos desenvolvem na comunidade seus trabalhos de evangelização e de cristianização, sem qualquer problema. Têm os seus templos bastante concorridos.

Lamentavelmente, Muniz não viveu o tempo suficiente para ver “Pai Chiquinho” (seu avô Chico Cícero) orando piedosamente no templo da Igreja Batista e ouvindo a pregação do Pastor, de bíblia debaixo do braço.
______________

NOTA 

(1) – A Voz do Araripe – Ano II. N.º II – Edição de 31.03.52 



31.05.42. Igreja Matriz de Araripina a Igreja Nova. Vê-se ao fundo o Instituto Educativo São Gonçalo e a Casa Paraquial.


1947. A fotografia registra a 1ª Visita de D. Avelar Brandão Vilela, Bispo de Petrolina, a Araripina.

Fragmentos do Livro - Araripina, Histórias, Fatos & Reminiscências
De Francisco Muniz Arraes


Postar um comentário

Blog do Paixão

Whatsapp Button works on Mobile Device only

Start typing and press Enter to search